A Necessidade da Umidificação das Vias Aéreas nos Pacientes com COVID-19
A principal preocupação clínica em muitos casos de pneumonia por COVID-19 é atender às necessidades de oxigênio dos pacientes. Porém, assim como para muitas infecções respiratórias em geral, garantir a umidificação adequada das vias aéreas pode ser essencial para o tratamento bem sucedido desses pacientes.
Os perigos da umidificação insuficiente das vias aéreas
É bem sabido que, para que o sistema respiratório funcione de maneira ideal e para que ocorra a troca do gás alveolar, o gás inalado precisa ter um nível de umidade relativa próximo a 100%.1 Vias aéreas saudáveis aquecem e umidificam cada respiração para preservar sua funcionalidade e capacidade de se defender dos patógenos através da depuração mucociliar. Se houver calor e umidade insuficientes, a camada mucociliar pode ficar comprometida e até sofrer lesões. A Figura 1 mostra essa relação entre umidade e funcionamento ideal da mucosa.
Manejo na COVID-19
Os sintomas de uma pneumonia viral podem comprometer o próprio funcionamento da mucosa. No caso da COVID-19, as recomendações atuais de procedimentos exigem a restrição de fluidos sob certas condições2, algo que poderia ser ainda mais problemático em relação à capacidade do paciente em aquecer e umidificar suas vias aéreas.
O que poderia ajudar a lidar com esse desafio no manejo é que muitas diretrizes também exigem o uso de oxigênio de alto fluxo para esses pacientes. As ferramentas incluídas nesse espectro fornecem fluxos de oxigênio aquecido e umidificado. Uma revisão recente da literatura observou que o oxigênio de alto fluxo aquecido e umidificado fornecido a adultos com desconforto respiratório está associado a melhor tolerância/conforto, melhora da função mucociliar, maior liberação de secreção e prevenção de colapso pulmonar, entre outros benefícios.3
Considerações para a umidificação de oxigênio de alto fluxo
Como a umidificação ideal é benéfica para essa população de pacientes, é importante saber que nem todos os dispositivos que se enquadram na classificação de oxigênio de alto fluxo fornecem umidificação da mesma maneira.
Muitos dispositivos de cânulas nasais de alto fluxo usam umidificação de passagem, um processo no qual o gás respiratório passa acima da água altamente aquecida para adicionar umidade ao gás. Os dispositivos que usam esse método usam temperaturas mais altas do que as definidas na criação e manutenção da umidificação. Então, eles usam um circuito de fio aquecido para fornecer o gás umidificado ao paciente. A desvantagem comum desse design é que, como o tubo não é aquecido uniformemente, pode ocorrer o resfriamento e consequente condensação quando o gás entra em contato com superfícies mais frias.
Um método alternativo usado pela insuflação nasal de alta velocidade Vapotherm (HVNI) é a umidificação da membrana. Nesse processo, as moléculas de água são levadas pelo percurso do gás através de uma membrana para criar o vapor de grau médico sem calor elevado. Esse calor e a umidade do vapor são, então, mantidos energeticamente estáveis durante todo o percurso até o paciente, através de um tubo de alimentação revestido isolado com água quente. O tubo dá a sensação de calor, próxima à temperatura corporal, e os pacientes não se queimam, mesmo que ocorra um contato prolongado com a pele.
A Figura 2 mostra a marca de calor dos dois métodos de alimentação, lado a lado. É claro que o tubo da HVNI foi projetado de forma a garantir que o gás permaneça umidificado e não perca calor ou umidade através da condensação em seu percurso até o paciente.
Figura 2. Fio aquecido versus Tubo de alimentação de água revestido
Compreender a importância da umidificação ideal das vias aéreas é um dos fatores que podem ajudar os profissionais da saúde a administrar melhor pacientes mais complexos, como os pacientes com COVID-19.
Referências